Com sete ouros e quatro bronzes, paulistas dominam Brasileiro Sênior

Com excelente performance, gaúchos são vice-campeões, somando quatro ouros, duas pratas e quatro bronzes.

Foi uma competição grandiosa pelos resultados, pela qualidade dos atletas e pela estrutura física disponibilizada pela Confederação Brasileira de Judô no Centro de Treinamento de Lauro de Freitas, na Bahia.

A abertura do principal certame nacional brasileiro foi feita pelo presidente Paulo Wanderley Teixeira, que compôs a mesa de honra ao lado do vice-presidente da CBJ, Marcelo França, e dos presidentes das federações estaduais José Cardoso Neto (Ceará), Durval Machado (Sergipe) e Marcelo Ornelas (Bahia), que fez o primeiro pronunciamento. “É um privilégio para a FEBAJU apoiar a CBJ em todos os eventos do calendário nacional. Gostaria também de agradecer ao presidente Paulo Wanderley por todo o trabalho realizado no judô brasileiro e pelo apoio ao judô baiano. Boa sorte e sucesso a todos os atletas e técnicos”, disse Marcelo Ornelas.

O presidente Paulo Wanderley Teixeira destacou a preparação do evento e a arbitragem, e saudou os presidentes que não compuseram a mesa. “Registro a presença dos presidentes das federações amapaense, Antônio Viana; de Roraima, Paulo Cézar Ferreira; e da federação piauiense, Danys Queiroz, que atuarão como árbitros na competição. Gostaria de parabenizar a equipe técnica da Confederação Brasileira de Judô, na pessoa do gestor técnico nacional Robnelson Ferreira pelo trabalho realizado. São detalhes que fazem a diferença. E são eles que vão fazer deste campeonato um grande espetáculo. Quero também parabenizar o gestor nacional de arbitragem José Pereira porque muitos dos árbitros que atuarão hoje e amanhã são consagrados internacionalmente. Mas também teremos árbitros prestando exame para integrar o quadro nacional, o que mostra que o trabalho está sendo bem feito e despertando interesse”, disse o presidente da CBJ.

Por fim, o dirigente máximo do judô nacional falou sobre o desempenho da seleção brasileira de judô nos Jogos Olímpicos. “O judô brasileiro vem de uma campanha vitoriosa nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Um desempenho que o colocou ao lado das grandes potências mundiais. Entre 136 países, o Brasil ficou em sexto lugar e poderia ter ficado em terceiro com mais duas medalhas. Mas a Olimpíada já passou e é um novo ciclo que se inicia. Os atletas campeões poderão participar da seletiva já visando a Tóquio 2020. E nesse recomeço, gostaria de agradecer a todos que formam essa grande família do judô – as academias nos mais longínquos recantos, os professores, as federações que organizam esse processo, enfim, a todos os stackholders do judô brasileiro. Por fim, desejo que os atletas sejam recompensados pelo esforço que fizeram preparando-se para a competição”, concluiu.

São Paulo e Rio Grande do Sul saem na frente no primeiro dia de disputa

Das 26 federações representadas na competição, 17 estiveram no pódio no primeiro dia de disputas, em que foram definidas as categorias superligeiro, ligeiro, meio-leve, leve, meio-médio e médio. Rio Grande do Sul, com dois ouros, uma prata e um bronze no masculino, e São Paulo, com três ouros e um bronze no feminino, saíram na frente. E, marcando o início de um novo ciclo olímpico, jovens promessas ajudaram a garantir tanto a vantagem dos gaúchos quanto a das paulistas. Um grande exemplo disso foi a categoria meio-médio, na qual Rafael Macedo, com 22 anos, representando o RS, e Jéssica Santos, de 23, representando São Paulo, ficaram com o título. Ambos já estavam na zona de investimento da seleção principal e agora buscam maior espaço.

Para Jéssica Santos a manutenção do equilíbrio emocional foi fator decisivo em sua conquista. “Acho que consegui manter um equilíbrio muito grande porque nas primeiras lutas eu tive um pouco de dificuldade, mas mesmo saindo perdendo, não me desesperei, consegui respirar, mantive a calma e virei os placares. É uma conquista muito grande para mim porque meu sonho é ir a Tóquio 2020 e esse foi um passo nesse caminho.”

Mas também houve espaço para que nomes conhecidos do judô nacional chegassem ao degrau mais alto do pódio. Entre os que confirmaram o favoritismo, Eleudis Valentim (52kg/SP), Tamires Crude Silva (57kg/RJ), Marcelo Contini (73kg/SP) e Diego Santos (66kg/RS), todos atletas com passagens recentes pela seleção brasileira e com a bagagem de ao menos um ciclo olímpico no sênior. O baiano que defende o Rio Grande do Sul teve o apoio da família na arquibancada, inclusive de sua filha Maria Laura, de três meses, para conquistar o pentacampeonato brasileiro sênior.

O fator casa foi decisivo para o baiano que hoje defende a Sogipa. “A diferença deste para os outros quatro títulos foi que consegui me sentir mais maduro. Eu sempre lutei no ligeiro e no fim do ciclo olímpico passado tive de subir de categoria. Mesmo tendo feito poucas competições no novo peso, me senti muito tranquilo e motivado porque estava em casa, com o apoio da minha família. Tenho muito orgulho de defender o Rio Grande do Sul, um Estado que me acolheu, mas poder conquistar isso no Estado em que nasci é maravilhoso”, disse Diego Santos.

No fim do primeiro dia de disputa São Paulo e Rio Grande do Sul com sete medalhas ficaram na frente. Mas foram seguidos de perto por Minas Gerais, com seis, e por Rio de Janeiro e Amazonas, com cinco. Entre as cinco medalhas dos amazonenses está o ouro de Carolynne Hernandes (48kg). O Maranhão, com Ítalo Carvalho (60kg), e Mato Grosso do Sul, com Hernandes Santos (55kg), também chegaram ao lugar mais alto do pódio.

Rio Grande do Sul fica com título do masculino e São Paulo é campeão do feminino

O último dia de disputas foi dedicado às categorias meio-pesado e pesado, e os ouros das jovens Samanta Soares (78kg), de 23 anos, e Ellen Furtado (+78kg), de 19, confirmaram o título entre as mulheres para São Paulo, e reafirmaram a tendência de uma das principais competições do calendário nacional: que uma nova geração vai chegar forte em busca de espaço na seleção brasileira neste novo ciclo olímpico. Isso porque os campeões das categorias olímpicas garantiram uma vaga na Seletiva Tóquio 2020 – 1ª Etapa, que será realizada em janeiro do ano que vem.

A jovem Ellen, de apenas 19 anos, que venceu a final contra Camila Nogueira, de 21, lembrou que o foco agora é a seletiva para a seleção sub 21. “Esta conquista veio em boa hora porque eu perdi o paulista sub 21, mas acabei ganhando o sênior. Peguei uma adversária forte na final, para quem eu vinha perdendo com frequência no último ano. Comecei a luta em desvantagem, mas consegui virar e estou muito feliz por ter conseguido esta vaga na seletiva para Tóquio. Mas antes tenho outro objetivo, que é a seletiva da base.”

Os outros ouros de São Paulo vieram com Eleudis Valentim (52kg), Jéssica Santos (63kg) e Amanda Oliveira (70kg). No quadro de medalhas do feminino, depois de São Paulo, vieram Rio Grande do Sul, Amazonas, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Houve espaço também para os atletas com mais bagagem internacional mostrarem que a experiência pode ajudar. E dois deles levaram o Rio Grande do Sul ao primeiro lugar entre os homens. Diego Santos (66kg), de 27 anos, no sábado, e Renan Nunes (100kg), de 30, no domingo, foram campeões em suas categorias e chegam com muita vontade para a disputa da seletiva.

Após dois anos afastado, Renan Nunes disse que vai tentar voltar à seleção brasileira. “No ano passado disputei o brasileiro sênior na categoria pesado mais para ter ritmo de competição e este ano eu vim focado para garantir a vaga na seletiva na primeira oportunidade que tivesse. E essa oportunidade foi aqui. Graças a Deus consegui cumprir o objetivo. Foi preciso muita determinação para conseguir reverter um resultado contra um adversário duro como o Bruno Altoé. Foi um ano inteiro de treinamento para aproveitar a oportunidade.” No masculino, completaram o pódio por federações: São Paulo em segundo, seguido por Minas Gerais, Maranhão e Mato Grosso do Sul.

Defendendo a Secretaria de Esporte e Lazer de São José dos Campos (SP), e focado na conquista da vaga na seleção brasileira, o peso-médio Raphael Lins de Magalhães conseguiu seus objetivos em Salvador. “Estou treinando muito forte e venci as principais competições da temporada. Vim a Salvador para conquistar minha vaga na seletiva, vou para a seleção brasileira e vou carimbar meu passaporte para Tóquio. Comecei no DF, onde meu sensei foi o André Mariano, que hoje é árbitro FIJ A. De Brasília fui para o Minas Tênis Clube, depois para a Bahia e São Paulo. Nas lutas busco ser eclético, mas se bobear eu jogo de o-soto-gari, que é meu golpe preferido.”

No pódio Raphael avaliou os combates que lhe garantiram o ouro. “Sai de baia e não fiz a primeira luta. Na segunda encarei o Yuri Lisbão (CE) e venci no osae-komi. Na semifinal encarei o Henrique Silva (RS), e também foi pedreira. Ele já estava ganhando de dois shidôs e percebi que queria me jogar e resolvi deixar. Amoleci o corpo, ele entrou e eu reverti jogando de wazari. No chão encaixei o shime-waza e ele bateu. Já na final comecei ganhando do Gustavo Assis (MG), mas eu já tinha levado três shidôs e usei isso a meu favor. Ele estava vindo para cima com tudo, e queria que eu tomasse mais um shidô. Aproveitei para encaixar minha técnica e deu certo. Na verdade, entrei com tani-otoshi, depois abracei, desequilibrei e joguei de ippon. Agora é manter o foco até janeiro para estar no páreo em 2017.”

Dirigente anuncia inclusão do brasileiro sênior no rankeamento da seleção brasileira

Durante o congresso técnico Paulo Wanderley Teixeira anunciou a inclusão do brasileiro sênior no ranqueamento da seleção brasileira. “Informo de antemão que a gestão técnica da CBJ decidiu que a partir da próxima temporada o campeonato brasileiro sênior estará inserido no circuito de eventos que contarão pontos para o ranqueamento da seleção brasileira de judô. Este é um projeto que já está em fase de conclusão para ser apresentado aos presidentes das federações estaduais, porque entendemos que não se justifica um atleta ser campeão sul-americano, pan-americano e olímpico sem nunca ter participado do campeonato brasileiro. Com raríssimas exceções, lembro apenas de ter visto a Rafaela Silva disputando o brasileiro, competição que por décadas foi tida como principal certame do nosso País. O campeonato nacional é o campeonato da nação, e deve ser colocado no mais alto patamar das ações da CBJ. Esta é uma iniciativa nova, mas já vem sendo estudada há muito tempo. Além da minha simpatia, a mudança tem meu total apoio e respaldo”, externou o presidente da CBJ.

Números da competição

Campeonato Brasileiro Sênior 2016

250 Atletas inscritos

26 Federações estaduais inscritas

57 Técnicos atuando

45 Árbitros atuando

4 Áreas de luta

2 Dias de disputa