Com 12 medalhas, Brasil mantém hegemonia, mas reduz presença no pódio

Com 67% de aproveitamento, equipe formada por judocas que estão subindo da base é campeã geral no Panamá e dá gás para nova geração que busca espaço no time principal.

Após dois dias de competição, o Brasil fechou a conta no Panamá conquistando 12 medalhas no Campeonato Pan-Americano de Judô individual, realizado na América Central.

Disputando oito finais, a equipe formada eminentemente por atletas jovens que estão subindo da base conquistou seis medalhas de ouro com Eric Takabatake (60kg), Eduardo Katsuhiro (73kg), Eduardo Yudi (81kg), Jéssica Pereira (52kg), Samanta Soares (78kg) e Beatriz Souza (+78kg).

Daniel Cargnin (66kg) e Yanka Pascoalino (63kg) obtiveram medalhas de prata, enquanto Rafael Macedo (90kg)}, Leonardo Gonçalves (100kg), Ruan Isquierdo (+100kg) e Stefannie Koyama (48kg) conquistaram medalhas de bronze.

Coincidentemente nas edições de 2015 e 2016, o Brasil obteve 17 medalhas e disputou um número significativamente maior de finais. Contudo, seria no mínimo injusto cobrar melhor desempenho de judocas que recentemente foram oportunizados com espaço na seleção principal.

O único senão do time verde e amarelo veio do peso-leve feminino, onde a campeã olímpica Rafaela Silva caiu na estreia diante da cubana Anailys Dorvigny que, no fim das contas, nem subiu no pódio terminando a disputa na quinta colocação.

Brasil mantém a escrita sobrando no quadro geral de medalhas

Com atuações primorosas de judocas que estrearam em competições continentais da classe sênior, o jovem selecionado brasileiro passou incólume por seu primeiro grande desafio internacional. Os membros da equipe que pretendem chegar fortes na disputa interna pela vaga dos Jogos de Tóquio, mostraram que têm café no bule e garra de sobra para brigar dentro e fora do Brasil por vagas na seleção brasileira que disputará os Jogos Olímpicos em 2020.

Estreante em Pan-Americanos, Eduardo Katsuhiro, atleta do Clube Paineiras do Morumby, venceu quatro adversários fortíssimos para garantir o ouro. “Me preparei muito para esse Pan e estava um pouco ansioso no início. Comecei meio travado, mas fui ganhando confiança à medida em que avançava na chave e entrei muito focado na final para sair vitorioso”, contou o campeão do peso-leve após a cerimônia de premiação.

Jéssica Pereira e Eric Takabatake, por outro lado, não eram estreantes, mas bateram na trave em outras edições de Pan e comemoraram muito os ouros conquistados nesta edição. “No meu primeiro Pan, perdi na primeira luta e agora estou feliz com esta evolução de vir aqui e vencer pela primeira vez. Foi uma competição bastante difícil para mim”, avaliou a peso-meio-leve que também defende o Judô Comunitário Instituto Reação.

Já o judoca do Esporte Clube Pinheiros destacou a importância da conquista na corrida olímpica. “Fico feliz por finalmente ser campeão pan-americano e por ser o primeiro deste ciclo olímpico, acho que tem até um gosto especial”, lembrou Takabatake, que já coleciona uma medalha de prata e um bronze em pan-americanos.

Aos 18 anos, a peso-pesado brasileira foi a campeã mais jovem da competição depois de vencer seus dois combates por ippon. Beatriz Souza venceu a cubana Daile Ojeda na primeira luta e a mexicana Melanie Bolaños na final, segurando as duas no osae-komi até o ippon. “Vi o kumi-kata da mexicana na luta anterior e usei a tática de matar sua pegada e dominar a luta. Joguei de três wazaris e consegui a imobilização”, descreveu a novata. “É um momento muito especial por ser minha primeira medalha no pan-americano sênior. Foi uma conquista maravilhosa”, vibrou a atleta do Esporte Cube Pinheiros.

Na avaliação de Ney Wilson, gestor de Alto Rendimento da CBJ, até Tóquio a jovem equipe brasileira dará muitas alegrias para o Brasil. “Sermos campeões com a equipe principal seria quase que uma obrigação, mas conquistar o título com uma equipe 90% renovada em relação aos pan-americanos de 2015 e 2016 e com atletas ainda muito jovens, em sua maioria, mostra que acertamos e que nossa equipe correspondeu às expectativas”, avaliou o dirigente. “Foi uma decisão que nos exigiu coragem, ousadia e estamos satisfeitos, principalmente pela postura e atitude dos atletas durante os combates, inclusive daqueles que não conquistaram medalhas. Vale ressaltar também o ótimo trabalho feito pelos gestores das categorias de base da CBJ na prospecção dos atletas com maior potencial competitivo, que hoje são realidade numa competição sênior tão difícil, como o pan-americano.”

Esporte Clube Pinheiros tem participação decisiva

Além de defenderem o Brasil, Stefannie Koyama, Yanka Pascoalino, Samanta Soares, Beatriz Souza, Eric Takabatake e Eduardo Yudy Santos defendem as cores do Esporte Clube Pinheiros, uma das principais instituições clubísticas do Brasil quando o tema é desporto de alto rendimento.

Juntos, os judocas pinheirenses obtiveram 50% das medalhas brasileiras no Panamá. Porém, caso avaliarmos apenas as medalhas de ouro, a participação pinheirense alcança 66% dos ouros que o Brasil conquistou no certame continental.

Neste cenário, não menos importante é a participação de entidades como o Minas Tênis Clube, Judô Comunitário Instituto Reação, Clube Paineiras do Morumby e Sogipa, que também emprestam grandes talentos às seleções que defendem as cores do Brasil. Mas o protagonismo do clube paulista é extremamente expressivo. As recentes mudanças no departamento de judô ampliaram ainda mais o leque de ação do ECP, que vem obtendo resultados cada vez mais expressivos nos tatamis.

Medalhistas de ouro

Eric Takabatake (60kg)

Eduardo Katsuhiro (73kg)

Eduardo Yudi (81kg)

Jéssica Pereira (52kg)

Samanta Soares (78kg)

Beatriz Souza (+78kg)

Medalhistas de prata

Daniel Cargnin (66kg)

Yanka Pascoalino (63kg)

Medalhistas de bronze

Stefannie Koyama (48kg)

Rafael Macedo (90kg)}

Leonardo Gonçalves (100kg)

Ruan Isquierdo (+100kg)

O Brasil foi ao Panamá com os seguintes atletas:

Feminino

48kg: Stefannie Koyama (Esporte Clube Pinheiros/Federação SP)

52kg: Eleudis Valentim (Esporte Clube Pinheiros/Federação SP)

52kg: Jéssica Pereira (Judô Comunitário Instituto Reação/Federação RJ)

57kg: Tamires Crude (Judô Comunitário Instituto Reação/Federação RJ)

57kg: Rafaela Silva (Judô Comunitário Instituto Reação/Federação RJ)

63kg: Yanka Pascoalino (Esporte Clube Pinheiros/Federação SP)

70kg: Milena Silva (Minas Tênis Clube/Federação MG)

78kg: Samanta Soares (Esporte Clube Pinheiros/Federação SP)

+78kg: Beatriz Souza (Esporte Clube Pinheiros/Federação SP)

Masculino

60kg: Eric Takabatake (Esporte Clube Pinheiros/ Federação SP)

66kg: Daniel Cargnin (Sogipa/Federação RS)

73kg: Eduardo Katsuhiro Barbosa (Clube Paineiras do Morumby/Federação SP)

73kg: Lincoln Neves (Secretaria de Esporte e Lazer de São José dos Campos/ Federação SP)

81kg: Eduardo Yudy Santos (Esporte Clube Pinheiros/Federação SP)

90kg: Gustavo Assis (Minas Tênis Clube/Federação MG)

90kg: Rafael Macedo (Sogipa/Federação RS)

100kg: Leonardo Gonçalves (Sogipa/Federação RS)

+100kg: Ruan Isquierdo (Judô Comunitário Instituto Reação/Federação RJ)